"Em 1986. Portugal vivia as eleições mais disputadas de sempre: Freitas do Amaral à direita; Mário Soares à esquerda. Ganhou Soares à segunda volta e o país aderiu à então Comunidade Económica Europeia. E foi numa tarde desse ano que Pilar, ao passear em Sevilha, entrou numa livraria e leu meia dúzia de páginas de "Memorial do Convento". Não sabia quem era Saramago, nunca tinha ouvido falar, mas ficou tão impressionada que comprou todos os seus livros. Devorou "O Ano da Morte de Ricardo Reis" noite adentro e sentiu necessidade de agradecer ao autor que lhe tinha proprocionado aquela viagem. "Um autor só acaba a sua obra quando o livro é lido e entendido. E eu queria dizer-lhe: completou-se o ciclo, li-o e entendi-o".
Encontraram-se em Lisboa, no hotel Mundial. Cumprimentaram-se com um aperto de mão, passearam pela cidade e falaram de quase tudo. E tudo lhes dizia que eram iguais. Depois, foi embora. "Com uma estranha paz". Trocaram livros e críticas pelo correio e, um dia, ele quis voltar a vê-la. Foi assim durante vários fins-de-semana, ele a apanhar o autocarro de Lisboa para Sevilha. Casaram menos de dois anos depois. Ela veio para Lisboa. Mais tarde, ambos para Lanzarote."
"Se eu tivesse morrido antes de te conhecer, Pilar, teria morrido sentindo-me muito mais velho. Aos 64 anos, a minha segunda vida começou..."
Retirado do blog: www.diasdeumaprincesa.blogspot.com
Sem comentários:
Enviar um comentário
Pica dada por